quinta-feira, 17 de abril de 2008

Entrevista ao Blog do Beira-Mar


Terminou no último fim-de-semana o Campeonato Distrital de Juvenis. A equipa do SC Beira-Mar concluiu a prova em 3º lugar, tendo ficado arredada do título apenas na penúltima jornada. André Graça, treinador da equipa, faz o balanço deste campeonato e uma análise geral ao trabalho desenvolvido pela Academia de Futsal.
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Depois de teres orientado equipas jovens do GD Gafanha, integraste no início desta época o quadro de técnicos da secção de futsal do SC Beira-Mar assumindo o comando da equipa de juvenis. A mudança foi uma aposta ganha?
Posso dizer que foi uma aposta quase ganha apesar de algumas falhas que, como em qualquer outro clube, também surgem. A nível geral posso dizer que muita coisa melhorou, desde o simples facto de não ter que fazer de delegado, treinador, massagista, roupeiro e por ai fora, podendo assim concentrar-me apenas na minha função. Ao início, algumas coisas para mim foram estranhas, desde logo o facto de existirem “tantos” directores preocupados (Ana e Nuno, sem dúvida, no topo da lista) ou simplesmente presentes para solucionar qualquer que fosse o problema. Ao fim de cinco épocas no Gafanha, pareceu-me que tinha chegado a melhor altura para mudar e procurar outras caras, outro tipo de jogador, resumindo, aproveitar uma oportunidade que me proporcionou aprender outras coisas, alargar horizontes neste mundo do futsal que, por vezes, ainda sinto que é pequeno para o que queremos dele. Como referi no início da resposta, considero que a aposta foi quase ganha e só não afirmo que o foi totalmente porque tinha como objectivo pessoal e colectivo ser campeão distrital, o que não veio a acontecer.
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Que análise fazes ao trabalho desenvolvido pela secção de futsal do SC Beira-Mar ao nível da formação?
Parece-me que ter quatro escalões de formação, hoje em dia, é simplesmente fantástico. Iniciar um trabalho ou uma modalidade aos 10/11 anos (e alguns com menos) é bem diferente do que começar nos juvenis onde, aos 16 anos, já não existe tanta receptividade a mudar (principalmente quando já se jogou futebol ou outra modalidade em que é mais difícil captar a mensagem) e, num futuro bem próximo, essa vai ser uma ajuda na formação que tanto se pede e tão pouco se faz por esse distrito fora (e país também). Penso que mais tarde ou mais cedo o esforço, o empenho e as dores de cabeça que a secção tem irão com certeza ser recompensados porque conseguir horários de treino, patrocínios, equipamentos e tudo o que é necessário para que um escalão se mantenha de pé não depende só da vontade, mas sim do trabalho, muito trabalho de várias pessoas (onde incluo também os pais, porque sem eles muita coisa ficava para trás). Resumindo, o trabalho está a ser bem feito, havendo sempre um ou outro pormenor para modificar ou melhorar, mas que com a experiência tudo se irá aperfeiçoar.
Parabéns a todos os que trabalham em prol desta secção porque, sem dúvida, muito têm feito para que nada falhe com estes meninos e algumas meninas.
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O plantel que encontraste nos juvenis dava, à partida, garantias de poder realizar um bom campeonato. Sentes que os objectivos foram cumpridos ou o desempenho da equipa ficou aquém das tuas expectativas?
Na minha opinião, o plantel realizou um bom campeonato. É verdade que não concretizámos o objectivo “ser campeão”, mas nem tudo é mau. Houve uma evolução notória na grande maioria dos jogadores que sempre trabalharam ao máximo para estarem preparados e cumprirem com o que lhes era pedido. Não nos podemos esquecer que houve uma mudança de treinador, houve uma “junção” de cinco jogadores dos iniciados, apenas cinco transitaram da equipa juvenil da época anterior e seis que vieram uns do futebol de onze e outros que nunca tinham jogado futsal. Isto não serve de desculpa e, como é obvio, após tantos meses de treino e ao verificar que a equipa melhorava de jogo para jogo ainda na 1ª fase – que penso termos vencido com todo o mérito –, até porque não somos uma equipa que jogue no “pontapé para a frente” como algumas que defrontámos, digo com toda a mágoa mas também com muito realismo, que ficámos muito aquém das expectativas criadas após o apuramento para a série dos primeiros. Começámos com uma grande atitude, com muito querer e a jogar de uma forma que não permitíamos veleidades às equipas adversárias. No meio de tudo isto houve sempre uma “estrelinha” que nos acompanhou, mas que fazíamos por merecer. Após a primeira derrota (fora, frente ao Dínamo Sanjoanense por 3-1), não soubemos reagir às próprias contingências do jogo e do pós-jogo. Deixámo-nos abalar de uma forma impensável e começámos a cometer erros, uns atrás dos outros, o que de certa forma começou a fazer com que ficássemos dependentes dos resultados dos nossos adversários na esperança que estes perdessem pontos. Na jornada decisiva, como muitos puderam observar, não fomos inferiores em nada à equipa campeã, mas eles fizeram um golo que mudou tudo, apenas nos restando dar-lhes os parabéns e reflectir sobre o que correu mal, servindo assim de lição para o futuro.
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O que faltou ao SC Beira-Mar para ser campeão distrital de juvenis esta época?
Faltou algum controle das emoções, faltou um trabalho diferente da minha parte em alguns momentos desta série dos primeiros e faltou, acima de tudo, acreditar que treinámos sempre para sermos os melhores do distrito. Na minha opinião tínhamos todas as condições e capacidades para tal feito.Como em qualquer outro clube, as opções foram discutíveis e hoje até admito que me digam que, se tivesse jogado este ou aquele neste ou naquele jogo, que o resultado seria diferente. Felizmente, sou uma pessoa que ouve, que respeita e reflecte sobre o que me é transmitido, mas como é obvio, nenhuma das opções tomadas foi a pensar no pior para o clube e assumo que, em alguns momentos e após pensar mais a “frio”, que as coisas poderiam ter sido feitas de uma outra forma, mas o que está feito não pode ser mudado e também servirá para eu aprender e evoluir.
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Em relação à próxima época, os jogadores que passam a juniores e aqueles que ainda serão juvenis dão garantias ao SC Beira-Mar de continuar a ter equipas competitivas nestes dois escalões?
Não tenho dúvidas que na próxima época o Beira-Mar lutará pelos lugares cimeiros nos dois escalões. A qualidade existe. É preciso trabalhá-la de forma a atingir o topo sem nunca descurar o objectivo “formação”. Sobem sete juvenis que já têm alguns anos de futsal e que vão integrar um grupo que já se conhece e que só por si já tem bastante qualidade, assim como nos juvenis ficam seis bons jogadores aos quais se juntarão cinco ou seis iniciados de boa qualidade que terão tudo para formar uma equipa bastante competitiva.
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Num futuro próximo, achas que o SC Beira-Mar poderá a ter uma equipa sénior competitiva constituída maioritariamente por atletas da sua formação?
A isto poderão responder directores e treinadores da equipa sénior. Na minha opinião muitos dos jogadores dos escalões de formação possuem qualidades, tanto na prática de futsal como na vertente humana, para que possam formar uma boa equipa daqui a uns bons 3 / 5 anos. Acima de tudo, que seja competitiva e disposta a lutar da melhor maneira para dignificar o Beira-Mar.
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Uma mensagem final…
Nesta mensagem terei sem dúvida que agradecer ao Luís Estancas que há três épocas que me acompanha e sempre me ajudou bastante em tudo que lhe é possível. Aos delegados Ricardo e João que fizeram os possíveis e (impossíveis) para que nada faltasse. À Ana por toda a disponibilidade e ao Luís Silva que foi o meu “empurrão” na decisão de pegar nesta equipa, de dar um outro rumo à minha vida dentro do futsal. Aos pais que em casa, fora, pelo caminho… em qualquer sítio onde íamos jogar ou treinar sempre estiveram prontos a apoiar, mesmo quando as coisas correram mal. A eles, uma palavra de agradecimento porque foram mesmo grandes!
A toda a direcção e equipa sénior que estiveram presentes quando puderam e se preocuparam o necessário, em especial o Rui Costa que correspondeu sempre que lhe foi solicitado.
Uma palavra aos Auri-Negros pelo apoio que nos deram. Aos sócios e adeptos do Beira-Mar que raramente falharam e a todos aqueles que gostaram de nos ver jogar. Uma palavra ainda para os meus pais e dois amigos que estiveram presentes dando uma força enorme no meu interior.
Resta-me desejar que a próxima época seja bem melhor a nível colectivo e pessoal. Que os títulos se juntem ao bom futsal já demonstrado nos vários escalões!

1 comentário:

Anónimo disse...

Um treinador cheio de caracter...
Quando entrei pela primeira vez neste pavilhão, apercebi-me que estava entrar numa "familia" onde a vontade de vencer em qualquer jogo e a determinação eram as palavras de ordem...
Não foi fácil entrar, pois vinha de um clube do futebol de 11 que simplesmente jogava para não ficar em ultimo...
Entrei neste mundo, onde tudo era diferente, e a minha adaptação não foi fácil, apesar de ter contado com o apoio de todas as pessoas, desde a quipa , ao andré, o estancas, o riCardo e a ana...
Só tenho a agradecer a todos e em especial ao andré por todo o apoio que recebi ao longo do ano...
Claro que eu não gostei de algumas decisões dele, tal como ele não deve ter gostado de algumas da minha parte..
Mas ele sempre demonstrou muito caracter, e garra...
Vais longe, Mister ;)


Grande abraÇo * []

Beira, Beira, Beira ;)

(Não de sempre, mas para SEMPRE)


João Pedro #5